quarta-feira, 1 de maio de 2013

Muwashahat - Poesias Andalusinas


Explicando título: aquilo que é de Al-Andalus é dito como andalusino e não andaluz, que hoje se refere à Andaluzia.

Quem fez dança do ventre seriamente, já deve ter ouvido falar de um estilo de dança chamado Muwashahat. Bem, este estilo foi criado pelo coreógrafo Mahmoud Reda, que utilizou a versão musicada das poesias andalusinas do estilo de mesmo nome para compor uma coreografia com roupas próprias e passos inspirados no ballet. Hoje muitas dançarinas leigas consideram que é uma dança original de Al-Andalus, mas a única coisa original são as poesias!

A poesia muwashah (singular de Muwashahat) é feita em árabe clássico, geralmente em cinco estrofes, com um refrão que se repete. Ela fora uma inovação no conceito de poesia árabe, pois não seguia a métrica de Bagdá, tão badalada pelos intelectuais da época. A versão musical do Muwashahat nada mais é que a utilização desses versos com um arranjo melódico, ainda que geralmente não se cante todo o poema em sua versão musicada.

Além de Al-Andalus, a poesia muwashah esteve presente no norte da África, tendo sido definida pelo pesquisador Albert Hourani como uma poesia estrófica, visto que "cada linha não terminava na mesma rima, mas havia um padrão de rimas em cada estrofe ou em uma série de linhas, sendo repetida ao longo do poema.". Os temas da poesia muwashah variavam entre descrições da natureza, do amor, louvor a Deus. Com o mesmo estilo de poesia, havia também a poesia zajal, estudada belamente pelo professor da USP, Michel Sleiman (o livro dele está à venda aqui), mas que utilizava a linguagem coloquial ao invés do árabe clássico.

Das músicas com versos muwashahat, a mais conhecida sem dúvida é Lamma bada Yatathanna, já cantada pela Fairouz, a "Roberto Carlos libanesa" e pela fofa Lena Chamamyan, cantora síria. Tentei encontrar a tradução dessa música, mas cada tradução dizia uma coisa, nossa, quem será que está certo? Decidi traduzir  a versão da Shira:

Lamma bada Yatathanna - Quando ela se move



Quando ela se move
Meu amor, a bela, que me atrai
Ela nos comanda com um olhar, com uma piscadela
Enquanto nós a admiramos, sempre
Como os galhos que se movem docemente
Minha promessa, minha confusão,
Ela responderá piedosamente a meu pedido?
Quem pode entender meu pedido de amor
Senão a rainha da beleza

Como mesmo a Shira disse, e isso é bem comum em poesias e músicas árabes, o amado da música sempre está no masculino, mas não necessariamente quer dizer que é uma relação homoerótica, mas também um sinal de respeito pela figura feminina.

Existe o aportuguesamento da palavra destilo literário para moachacha, caso queiram pesquisar mais sobre o assunto.

3 comentários:

aline disse...

Nossa!Sensacional, não conhecia seu blog. Estou encantada com suas palavras. Sinto-me um pouco incomodada como a mídia usa a expressão "jihadista" para definir terrorismo...
Essas pessoas deveriam se preocupar mais com as informações que passam.
Você já viu este vídeo?

http://www.youtube.com/watch?v=8jHQkfZT4Qw

É muito popular na internet.
Acho que todas as pessoas deveriam dá uma olhada.

Celia disse...

Noooossa, Aline! Adorei esse trecho do filme, vou até baixar para ver. Quem sabe eu escrevo sobre ele!

Fico feliz por ter gostado do blog! ;)

Unknown disse...

♥️♥️♥️